A 32ª Bienal de São Paulo começa amanhã e reúne obras de 81 artistas e coletivos de 33 países, sendo a maioria mulheres e nascidos a partir de 1970 que criaram arte contemporânea em diversos âmbitos sob o tema ‘Incerteza Viva’. Com curadoria de Jochen Volz e o grupo de cocuradores Gabi Ngcobo, Júlia Rebouças, Lars Bang Larsen e Sofía Olascoaga, a mostra acontece até o dia 11 de dezembro no Pavilhão Ciccillo Matarazzo, no Parque do Ibirapuera.
Incerteza Viva
Com o tema proposto, a 32ª edição da Bienal busca uma reflexão sobre as possibilidades oferecidas pela arte contemporânea para abrigar e habitar incertezas. Isso significa, segundo Volz para o G1, que “incerteza é uma sensação que todos nós vivemos. […] e pode causar algo novo.” Com isso, o curador acredita que a incerteza pode acarretar em novas possibilidades e provocar algo transformador.
Representatividade feminina
Dos 81 artistas e coletivos que expõem na Bienal, 47 são mulheres. E é proposital, afinal, para Volz ao G1, “artistas homens são muito mais representados do que artistas mulheres. Então, quando nós fizemos nossa pesquisa, foi uma prática muito importante sempre perguntar: ‘Quem, das artistas mulheres, são as mais interessantes, que criam diálogo com a nossa proposta?”.
Sob o tema Incerteza Viva, selecionamos algumas obras e artistas que apresentaram vertentes relacionadas a estruturas políticas e econômicas, além das que abordam a natureza e processos biológicos, âmbitos que se destacam na Bienal. Conheça alguns deles aqui:
Lais Myrrha – Brasil
A artista, que investiga nossa experiência no mundo a partir do lugar que ocupamos, criou a obra Dois pesos, duas medidas, que representa dois modos construtivos em projetos distintos de sociedade: um com materiais de construção indígenas (cipó, toras de madeira e palha) e outro que apresenta a edificação típica brasileira: tijolo, cimento, ferro, vidro e canos.
Rita Ponce de Léon – Peru
Com projetos que reúnem desenhos, esculturas, Rita convida os visitantes, em En forma de nosostros [na forma de nós mesmos], a experimentarem a troca de seus corpos com as estruturas de barro criadas com base nos gestos de uma dançarina e moldes com diferentes corpos dos colaboradores da Bienal. A artista propõe que nossos pensamentos e sensações ressoem, sejam compartilhados e se transformem por meio das sensações.
Carolina Caycedo – Londres
A pesquisa recente de Carolina Caycedo analisa os danos ambientais e sociais atrelados à construção de barragens e cursos naturais da água. A Gente Rio é uma obra composta por fotografias de satélites das usinas hidrelétricas de Itaipu e Belo Monte e do antes e depois do rompimento da represa de Bento Rodrigues, em Mariana, Minas Gerais.
Em A Gente Rio – Be Dammed [A Gente Rio Barrado seja] é um projeto de ilustração e texto com as pesquisas em arquivos, estudos de campo e atividades com comunidades ribeirinhas abaladas pelas privatizações.
Víctor Grippo – Argentina
Víctor Grippo (1936-2002) criou instalações com objetos do cotidiano deslocados de suas funções habituais e dispostos de uma forma que se criem sistemas que seguem uma lógica própria. A obra Naturalizar o Homem, Humanizar a Natureza está ligada à resistência política por meio de objetos considerados invisíveis. A instalação permite a constatação da existência de energia em batatas. Com isso, a reflexão sobre a consciência humana como energia produzida e transformada coletivamente com o tempo. Amplia-se a percepção de como o ser humano é importante para agir e modificar o mundo.
Ebony G. Patterson – Jamaica
Com uma composição de cenas e retratos sobre a cultura popular e o contexto de violência característica de comunidades de Kingston, na Jamaica. O conjunto de painéis apresentados na Bienal traça paralelos da realidade jamaicana com a brasileira. A artista apresenta um retrato sobre a importância da fase infantil para a criação e transformação do ser.
Veja mais obras:
32ª Bienal de São Paulo – ‘Incerteza viva’
Quando: de 7 de setembro a 11 de dezembro
Dias de visitação: terças, quartas, sextas, domingos e feriados das 9h às 19h (entrada até as 18h); quintas e sábados das 9h às 22 (entrada até as 21h); fechado às segundas
Onde: Pavilhão Ciccillo Matarazzo, Parque Ibirapuera (Avenida Pedro Álvares Cabral, s/n – Vila Mariana – Entrada pelo portão 3)
Curador: Jochen Volz
Cocuradores: Gabi Ngcobo, Júlia Rebouças, Lars Bang Larsen e Sofía Olascoaga
Entrada: gratuita
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