Guilherme-Kramer2-copy

Confira aqui o bate-papo criativo com o artista Guilherme Kramer!

CC: Quando você começou a criar algo? “Que eu me lembre, meu primeiro ato de compulsão pelo desenho foi quando tinha 5 anos e comecei a desenhar com giz branco no chão da garagem de casa. Desenhei tudo e, quando terminei, apaguei para desenhar tudo de novo. Aquilo me deixou elétrico! Sempre me interessou esse momento de total reclusão do mundo, de total concentração. Isso me acompanha até hoje.”

CC: O que deu forma/ cara ao seu estilo? “Foram algumas coisas… A primeira foi a impaciência. Sempre que tinha um tempo, um intervalo, começava a rabiscar e a desenhar. Era um fluxo contínuo entre minha cabeça e o papel. Isso realmente me acalmou durante toda minha vida. Nessa fase, desenhava com qualquer coisa que tinha pela frente, principalmente com canetas Bic.”

Guilherme-Kramer3-copy

“A segunda coisa foi quando meu pai adoeceu e acabou falecendo. Nesse processo, eu me reencontrei com o nanquim e com os pincéis chineses de sumiê. Comecei a me isolar bastante do mundo e a pintar o que eu “rabiscava” em qualquer lugar, mas agora em uma escala bem maior, em papéis cada vez maiores. Foi uma compulsão! Produzi muito nessa época e foi aí que eu realmente encontrei meu estilo, que, para mim, tem muito a ver com expressionismo, arte popular brasileira e os livros que lia na época, que iam de Aldous Huxley a Schopenhauer.”

CC: Para você, qual é o poder da arte? “A arte entrou na minha vida de uma forma muito espontânea, não pensava em ser um artista. Ela veio da necessidade de expressar algo que estava entalado na minha alma, e me surpreendi com o tanto de coisas que tinha aqui dentro. Para mim, o poder dela é justamente trazer à tona coisas que são invisíveis aos olhos. Isso em termos pessoais, de criação.”

“Já o poder da arte na sociedade é indiscutível! Ela agrega, combate, ensina… Uma vez, fiz uma oficina com crianças de uma escola pública do Rio que eu chamei de O.C.A – Oficina Caótica de Arte. Não queria ensiná-los a desenhar corretamente, queria que eles se expressassem de forma livre. Então, comprei várias tintas bem líquidas e canudos. Colocava a tinta em cima da folha e pedia para as crianças soprarem. Surgiam formas incríveis! Eu as incentivava a falar sobre aquilo que se formou e foi emocionante! Me senti completo nesse dia. Como diz Ferreira Gullar: ‘A arte existe porque a vida não basta.”

CC: Como conectar + os brasileiros com a nossa cultura? “Vivemos um período muito especial no Brasil, mas temos que tomar cuidado para não deixar essa oportunidade ir embora. Temos que incentivar todo tipo de arte: do popular ao mainstream, da música ao artesanato. Estou vivendo fora do país agora, e o impressionante é que não estou só conhecendo meu novo país (Espanha), estou redescobrindo coisas muito valiosas da nossa cultura. Estar longe também tem essa vantagem! Em arte, não existe uma verdade só, talvez a sua “moeda” não valha para o outro, ou vice-versa. Existem muitas frentes diferentes e estar aberto para isso é importante. Deixar de lado o preconceito ajuda a gente a se conectar e a abrir novas portas dentro de nós mesmos.”

Mais trabalhos do artista aqui!

Por Conexão Cultural.

Oppa Facebook | Oppa Twitter | Oppa Google Plus | Oppa