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Que atire a primeira pedra quem nunca escreveu uma carta de amor! Dramática, alegre, sensível, engraçada… Não importa. O que vale é que elas são um registro sincero de um sentimento e de uma fase da vida na qual a gente aprende muito.

E se esse aprendizado fosse compartilhado?

A jornalista Dani Arrais e o calígrafo Fabio Maca resolveram fazer isso no projeto Minha Carta de Amor, no qual as pessoas enviam suas cartas para [email protected] contando o que tiraram de lição até agora. De tempos em tempos, uma carta é escolhida e publicada no Instagram (@minhacartadeamor) com um trecho caligrafado pelo amigo e parceiro da Oppa Fabio Maca.

A gente bateu um papo super legal com a Dani sobre o projeto. Olha só o que rolou:

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A gente acompanha o Don’t Touch My Moleskine (blog da Dani) e sabe que o amor é um tema recorrente. De onde vem tanta vontade de falar de amor?

A primeira vez que entendi que o amor era realmente um tema do Don’t Touch foi quando criei a série de vídeos O que é o amor pra você hoje? Eu tinha acabado um namoro (ou tinham acabado comigo, já não lembro mais), estava em um bar com uns amigos, a gente falando sem parar. Daí tinha uma câmera comigo e perguntei ao garçom o que era amor pra ele. A resposta foi tão boa que me deixou surpresa. Eu esperava ouvir algo sobre dor, talvez, pra que o outro me dissesse algo próximo do que eu estava sentindo. Mas ele falou de companheirismo, de não perder o encanto, mesmo depois de tanto tempo. Foi tão lindo que me deu vontade de perguntar pra mais gente. E assim o fiz. Falei com gente de São Paulo, Porto Alegre, Recife, San Francisco, sempre abordando as pessoas com uma facilidade que, olhando hoje, me espanta. Até com a Sophie Calle eu falei! E foi lindo ouvir tantas respostas, perceber que o amor tem tantos tempos diferentes. Daí o amor virou o tema do Don’t Touch. Ele já vinha muito nas músicas que eu escutava, nas fotos que selecionava pra colocar lá. E acabou que foi se desdobrando em outras coisas depois, como a Fratura Exposta, de textos sobre dor de amor, sobre fim de relação – e até hoje a sessão que mais fez e faz sucesso no blog. Usando muito o Instagram, um dia fiz uma foto de um casal que parecia saído de uma cena de filme do Wong Kar-Wai. Virou o Amores Anônimos (www.instagram.com/amoresanonimos). Gosto muito desse tema, ele acompanha a gente a vida toda, né? Daí fico feliz de ir criando novas formas de falar sobre ele :-)

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E como surgiu a ideia de fazer o projeto em parceria com o Fabio Maca?

A gente sempre se encontrava na internet e fora dela. Um dia o Maca falou: “a gente devia fazer alguma coisa juntos”. E aquilo ali ficou na cabeça, no radar, pensamos em uma coisa, depois em outra, até que chegamos a essa ideia de pedir pras pessoas escreverem cartas sobre o amor, para o amor, sobre o que já aprenderam com o amor até hoje. Depois que deu o estalo, tudo foi muito rápido. Criamos o perfil no Instagram, fizemos o convite e começamos a receber cartas lindas, com histórias emocionantes. Todo dia a gente fica um pouco impressionado com a generosidade das pessoas de se mostrarem pro mundo, de dividirem algo tão íntimo que, ao mesmo tempo, diz tanto sobre todos nós.

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Pra você, o que as cartas de amor selecionadas no projeto têm em comum?

Elas falam de diversos tipos de amor, de fases do amor, mas em comum elas parecem ter sido escritas com todo o coração, sabe? Na emoção. Seja no apaixonamento, seja na dor, todas são muito fortes. E o que percebo é que elas são muito poderosas. Elas ajudam na percepção da gente sobre uma situação, sobre um sentimento, sobre um momento de vida. Acho que é por isso que tanta gente tageia os amigos nos comentários e também se revela ali, falando coisas do tipo “eu poderia ter escrito isso”, “é exatamente o que eu estou sentindo”. O processo todo é muito legal: receber as cartas, escolher as que vão ter trechos caligrafados, marcar a sessão de fotos (que ganham o olhar mais do que especial do Pedrinho Fonseca), conhecer as pessoas, postar a carta, ver as respostas. Esse projeto é uma alegria na rotina, um respiro, uma injeção de coisa boa – até mesmo quando fala de algo triste ou difícil, porque aí nos faz perceber o quanto a vida é cíclica e o quanto não estamos sós.

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Vocês têm alguma intenção de transformar o projeto em livro?

A gente acha que esse projeto pode ter tantos desdobramentos! De livro a exposição, passando por mais uma monte de coisa. Por enquanto estamos focados em receber as cartas, publicá-las, ir construindo esse Instagram de uma forma bem gostosa, dia a dia. Mais pra frente queremos muito ampliar o alcance do projeto para além da internet. Imagina que lindo? Nos deixa felizes só de imaginar!

Qual é o resumo da sua carta de amor? :)

Que difícil! Acho que hoje seria algo como “encare o amor como um filme e aprenda a gostar mais daquelas partes cheias de riso e romance do que do dramalhão”.

Fotos do projeto por Pedrinho Fonseca.