Dizem por aí que “há males que vêm pra bem” e a vida do Kym Kobayashi prova isso mesmo. Ele tem 22 anos de estrada e faz graffitis e telas incríveis. O segredo dele? Excesso de energia acumulada no corpo. O cara era daquelas crianças que enlouqueciam os pais de tão hiperativas. Nada dava conta de gastar a energia do moleque, nem judô e natação. “Eu era meio japonês rebelde”, é como ele resume.
Só tinha dois momentos em que ele dava trégua: na casa da avó, brincando com barbantes, ou quando a mãe – uma artista plástica – começava um desenho e deixava ele terminar. Essas sim eram as coisas que ele fazia com gosto. Tanto é, que quando chegou a hora de prestar vestibular foi fácil: era design gráfico ou artes plásticas. Ele ficou com a primeira opção.
Mas chega desse papo acadêmico chato. Até porque, foram as ruas que ensinaram arte de verdade pro Kym. (Calma, ele não era sem teto.) O que aconteceu, foi que por nove meses ele trabalhou com o Flip, um artista genial que mudou a cabeça do cara. Antes disso, é verdade, ele já gostava de graffiti e às vezes passava horas vendo referências desse tipo de arte nos livros. Mas foi só quando pisou na rua com uma lata de tinta na mão que decidiu de vez: “é isso que eu quero pra mim”.
Deu certo.
Ok, foi difícil vender o trabalho no começo, mas e daí? Não pensa que ele se abalou. Jamais, já viu japonês desistir? Até porque, dinheiro tá longe de ser a motivação do Kym. “Eu não vou deixar que uma pessoa que gostou do meu trabalho fique sem ele por causa de grana”. Pra esse artista, que é ao mesmo tempo rebeldia e quietude, o mais legal é poder se entregar e evoluir. Evoluir muito. O cara é dono de um estilo próprio que mistura rosa, amarelo, tons de marrom, às vezes até um neon dramático.
É que mesmice não é com ele, já que a hiperatividade continua. Hoje em dia, ele chega a pintar três telas ao mesmo tempo.
Quer começar a reconhecer os murais do cara por aí? Procure corações e pássaros cheios de personalidade (ou olhos). Os corações vieram primeiro e estão em quase todos os seus trabalhos, mesmo que a estética deles mude de uma obra pra outra. Já os pássaros, são uma expressão mais recente, que ele não quis explicar o porquê. Mas tudo bem, o importante é que dá pra ver vários desses pássaros mutantes no Deliqatê, onde o Kym está expondo algumas telas novas.
E agora, fiiiiiinalmente, depois deste texto todo, a dica VITAL – válida pra esse final de semana e pra qualquer outro dia que dê na sua telha. Vá até a Vila Madá, em São Paulo, e passe no Beco do Batman para entrar no clima, tome cerveja num barzinho e depois dê um pulo no showroom da Oppa. Ele deixou umas artes exclusivas ali, pelas paredes do deque. É isso. Vale ver ao vivo ;)
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